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domingo, 16 de setembro de 2012

Entrevista com Shadowside


Nesse final de semana conversei com a Dani Nolden vocalista da banda Shadowside.Na entrevista ela comenta sobre o inicio da banda, temática, influências, planos futuros para o Shadowside e muito mais, confiram abaixo.

GOM: Conte aos leitores sobre o surgimento da banda.

Dani Nolden: Nós começamos como uma banda de estúdio, sem grandes pretensões... tínhamos sonhos, mas ninguém acreditava muito neles, nem nós mesmos. Gravamos um CD demo, apenas para eternizar nossas ideias e nos divertirmos, porém as pessoas gostaram tanto e viram tanto potencial em nós, que nem nós imaginávamos ter, que começamos a fazer vários shows, crescer de forma repentina e quando percebemos, estávamos começando uma carreira. Hoje já são 10 anos de banda, 3 álbuns lançados, shows em 20 países, 21 contando o Brasil, para um público total de mais de 100.000 pessoas. E eu nos considero ainda uma “baby band”... estamos apenas no começo e ainda temos muito pra caminhar!

GOM: Definir o estilo de bandas é algo totalmente particular, com o Shadowside não é diferente pelo menos do meu ponto de vista do som, como que vocês se auto rotulam?

Dani Nolden: Não rotulamos (risos). O único rótulo que nos permitimos usar é “metal”, nada mais. Sentimos que isso apenas limitaria nossa criatividade... se disséssemos ao mundo que somos uma banda de power metal, de repente nos encontraríamos evitando certas coisas na nossa música por fugir da proposta de se fazer power metal, por exemplo. Muita gente nos caracteriza assim, mas não nos vemos assim, temos muita influência de thrash metal, de hard rock e estamos abertos a qualquer coisa que acharmos que soa interessante no nosso som. Então somos uma banda de metal, nada mais.

GOM: Quais são as principais influências da banda?

Dani Nolden: É praticamente impossível apontar uma ou algumas bandas... temos nossas influências pessoais, é claro, mas tivemos a “sorte” de encontrar quatro membros que gostam de coisas completamente opostas (risos). Nós não conseguimos concordar com uma banda favorita em comum, nem mesmo com um subgênero de metal favorito em comum! Eu acho que essa é a melhor coisa possível para uma banda. Agora que encontramos o que queremos fazer, e como queremos fazer, essa falta de gostos em comum acabou sendo nossa fórmula para criar e encontrar nossa própria identidade, pois no álbum mais recente, "Inner Monster Out", decidimos que todos participariam da composição das músicas e que não aceitaríamos menos que uma unanimidade dentro da banda. Não paramos de trabalhar enquanto os quatro não estivessem satisfeitos e orgulhosos do trabalho. Nós transformamos nossas diferenças musicais em algo especial para nós, e felizmente nossos fãs estão gostando bastante desse resultado também. Além de tudo isso, nós escutamos praticamente tudo dentro do metal... e fora dele também! Nosso iPod “comunitário” nas turnês, que deixamos rolando para todos ouvirem, tocam Slayer, Pantera, Disturbed, Deep Purple e pulam para Enya e ninguém na banda acha esquisito (risos). Metal é o que mais gostamos, mas apreciamos tudo que é música bem feita.

GOM: Quando a banda começou com as atividades já sabiam que ia tocar o que tocam atualmente?

Dani Nolden: Mais ou menos. Sabe quando você ainda não sabe conscientemente o que quer, mas vai descobrir quando ouvir? Foi isso o que aconteceu conosco. Sabíamos que teria que ser algo pesado, com energia... todos nós achamos muito chato tocar algo sem energia, assim como assistir a shows parados... então tínhamos esse objetivo em comum: fazer algo que fosse explosivo, tanto na gravação quanto no palco. Sabíamos que o refrão de cada música sempre teria que ser marcante. E a cada álbum, fomos moldando nossa identidade, tirando o que não gostávamos e adicionando ideias novas até chegar no "Inner Monster Out". Quando terminamos de compor o álbum, dissemos “era isso”. Com certeza nos próximos álbuns sempre continuaremos buscando mais e melhor, mas a identidade está aí. Nosso objetivo daqui pra frente será sempre surpreender os fãs de forma positiva, porém sem fugir dessas características: pesado, direto, melódico porém agressivo, com o equilíbrio entre a técnica e a simplicidade. Não queremos algo complicado demais, nem óbvio demais e acredito que encontramos esse meio-termo.

GOM: O que pensam sobre a cena nacional? A cena quando começaram a tocar era muito diferente em relação à atual?

Dani Nolden: Era um pouco diferente, sim. O fã era menos engajado que hoje, por exemplo. Hoje os fãs se envolvem, correm atrás das suas bandas favoritas e vão ao show realmente para apoiar os artistas que mais gostam. Há 10 anos atrás, quando a Shadowside começou, não sei se aconteciam menos shows, mas qualquer show, de qualquer banda desconhecida, sempre estava lotado, porém ninguém comprava CDs, camisetas. Atualmente, com tantos shows acontecendo, o público se dividiu e diminuiu pra todo mundo, porém o público que comparece agora é muito mais apaixonado pela banda que ele vai assistir. Sinto que as pessoas estão mais apaixonadas pelas músicas das bandas preferidas, querendo as camisetas... As casas de shows estão ficando mais estruturadas também. Nossa cena está ficando cada vez mais próxima da cena europeia, onde é possível viver da sua banda underground. A única coisa que ainda precisa mudar é a mentalidade de boa parte das bandas brasileiras. Não todas, obviamente, mas me dói ver que a maioria ainda pensa que a melhor forma de abrir caminho é tentando destruir o trabalho dos outros, e que ainda impera o pensamento de que underground significa mal feito. Underground, pra mim, significa feito com o coração, portanto merece o melhor trabalho possível. Não é porque um show é underground que o ingresso que o fã pagou vale menos e o fã sempre merece respeito.

GOM: Sobre quais assuntos vocês tratam em suas músicas? E se essa temática ao longo do tempo mudou ou permaneceu a mesma do começo da banda no CD “Theatre of Shadows”?

Dani Nolden: Os assuntos permaneceram os mesmos, porém a forma que eu escrevo mudou bastante. Sempre abordei temas como personalidade, especialmente os desvios e coisas consideradas erradas no comportamento humano, mas que na verdade são apenas parte de cada um de nós. Todo mundo tem um pouco de perturbado, de louco quando você olha de perto e eu gosto de expor esses “desvios” nas letras, tanto os meus próprios quanto o de pessoas próximas a mim. Também costumo escrever sobre assuntos que mexem comigo, como em "In the Name of Love", que escrevi sobre violência doméstica. Nunca passei por isso e não conheço alguém que passou, mas todos nós sempre ouvimos histórias e vemos matérias sobre esse tipo de situação... e sempre fico pensando no que pode estar passando na mente de alguém que sofre o abuso, porém não admite nem para o mundo, nem para si mesma, que algo errado está acontecendo. Não julgo essas pessoas, mas sempre me pego tentando entender qual pode ser a linha de pensamento de alguém que apanha do marido, por exemplo, mas justifica as atitudes dele dizendo algo como “essa é a forma dele demonstrar amor”. Antigamente, eu escrevia de forma mais abstrata, mais fantasiosa, não tão óbvia... usava metáforas e provavelmente cada leitor poderia criar sua própria história para minhas letras, mas agora comecei a escrever de forma mais direta e realista, mais explícita. É como se antes eu estivesse de certa forma ocultando meus pensamentos atrás das letras e agora estou permitindo que o mundo entre na minha mente. Foi um desafio começar a escrever assim. Me senti de certa forma exposta, é um exercício bem interessante.

GOM: Como foi a concepção do novo CD “Inner Monster Out”?

Dani Nolden: Foi a mais espontânea e natural possível! Eu e o guitarrista Raphael Mattos aparecemos no estúdio com metade das ideias inicias cada um, porém nenhuma das nossas demos originais ficaram iguais ao que você escuta em "Inner Monster Out". Entramos em estúdio com essas ideias e simplesmente começamos a “brincar” com elas. Tirávamos algumas partes, acrescentávamos outras, modificávamos riffs, melodias, estruturas, sem qualquer proibição. Nenhum de nós estava preocupado com o próprio ego, ninguém ficava chateado se uma ideia era modificada ou não era aceita. Estávamos apenas criando, todos dando palpite em tudo... gravávamos, escutávamos e não parávamos de trabalhar em uma música até que todos gostassem dela. Trabalhar dessa forma tirou o peso dos ombros de todos nós, pois ninguém tinha a responsabilidade de fazer tudo sozinho, ninguém tinha trabalho em excesso e dividiríamos o resultado igualmente, fosse ele qual fosse. Se ninguém tivesse gostado do trabalho, a culpa seria de todos (risos). Porém não estávamos preocupados com isso, queríamos apenas fazer algo que nós curtíssemos e agora estamos compartilhando o sucesso dele.

GOM: A capa do “Inner Monster Out” é bastante interessante, o que ela representa? E quem foi o artista que a fez?

Dani Nolden: Quem a desenhou foi um artista colombiano chamado Felipe Machado, mas a ideia básica partiu do Fabio, nosso baterista. Ele sugeriu algo com uma cabeça aberta e Felipe partiu daí. Inner Monster Out significa uma jornada dentro da mente humana... dentro da sua mente. Portanto, vemos uma cabeça aberta e alguém entrando lá dentro, encontrando vários rostos diferentes que representam todas as facetas da personalidade de uma pessoa.

GOM: O CD está sendo muito recebido por fãs brasileiros assim como os fãs de outros países, o alcance correspondeu as expectativas do Shadowside?

Dani Nolden: Não apenas correspondeu, ultrapassou completamente! Nós não tínhamos como imaginar que esse álbum nos levaria tão longe! A surpresa começou quando começamos a entrar nas paradas das bandas de hard rock/metal mais tocadas nas rádios dos Estados Unidos, de acordo com o CMJ. Nós nem esperávamos atingir os top 40 dos charts, porém estreamos na 35ª colocação, o que já considerávamos uma vitória. Porém, na semana seguinte, começamos a subir e fomos parar nos top 15 por seis semanas consecutivas, nos top 10 por duas e chegamos a 9ª colocação, algo que costuma “pertencer” apenas a bandas já consagradas. Eu vi bandas com carreiras extremamente bem-sucedidas comemorando a 10ª posição, então isso é algo realmente grande e foi completamente inesperado. Quando achamos que isso seria tudo na área de surpresas que o "Inner Monster Out" nos daria, chegamos a 26ª colocação entre os discos mais vendidos no Japão, a frente de bandas como Lamb of God, Nightwish, Shinedown e Evanescence. Logo após veio o anúncio de que o público havia nos escolhido vencedores do Independent Music Awards, competição de bandas independentes que tem como jurados artistas influentes como Ozzy Osbourne, Keith Richards e Tori Amos, além de competidores de peso no passado como Lacuna Coil. Tudo está sendo como uma montanha-russa incrível para nós.

GOM: Quais são os planos do Shadowside?

Dani Nolden: Turnês e mais turnês! Nossa vida será nos palcos por mais um bom tempo! Já fizemos vários shows aqui no Brasil, porém temos planos para mais alguns, se tudo der certo faremos entre 10 a 15 shows mais aqui no país, então partiremos para a turnê no exterior. É provável que algum material novo acabe escrito no meio da turnê lá fora, já que passamos tanto tempo dentro do ônibus sem ter muito o que fazer além de jogar videogame (risos). Porém, não estamos pensando muito em álbum novo agora, o que queremos é tocar e curtir o resultado do "Inner Monster Out" com os nossos fãs.

GOM: É sempre ruim ficar lembrando o passado quando o mesmo não teve nada de bom, como algumas declarações polêmicas por parte do Edu Falaschi falando que o metal nacional morreu e coisas do tipo, qual o ponto de vista para a banda em relação a esses ocorridos?

Dani Nolden: O Edu não disse que as bandas morreram. Ele estava preocupado com a falta de público. Eu já disse anteriormente que não concordo com o que ele falou naquela declaração, pois em uma cidade como São Paulo, que recebe shows de artistas nacionais e internacionais toda semana, é mais que natural que o público tenha que selecionar os shows que quer e pode ver. Ninguém tem dinheiro, tempo ou disposição para ir a shows todo final de semana. Quem tem disposição e quer apoiar tudo raramente tem grana, essa é a realidade. E é óbvio que o público vai pagar R$ 300,00 para ver o Guns n' Roses ou o Iron Maiden, mas não vai pagar R$ 30,00 para ver uma banda local, se ele tiver que escolher entre uma ou outra. Essas bandas tem divulgação em massa e milhões de fãs, as bandas daqui não tem. Não é uma questão de qualidade, não é uma questão de falta de apoio... é apenas uma questão de alcance. Eu sinceramente não estou preocupada com o futuro do metal no Brasil desta forma... só vou ficar preocupada se algum dia uma gravadora investir alguns milhões de dólares na divulgação da minha banda ou de qualquer outra, e mesmo assim o público não comparecer... aí sim será um problema. Porém, como somos uma banda criada e divulgada praticamente no boca-a-boca, com o apoio dos fãs, considero fazer shows com ingressos esgotados, tocar no Araraquara Rock pra 5.000 pessoas e ter os fãs sempre cantando as músicas em todos os shows como um sucesso e uma prova de que o metal no Brasil está muito vivo!

GOM: Para as pessoas que ainda não conhecem o som da banda, quais os links de redes sociais para acessarem. Desejo muita sorte e sucesso para o Shadowside para sempre continuar tão grande que nem hoje ou maior ainda.

Dani Nolden: Estamos bastante ativos no Facebook, o endereço é www.facebook.com/shadowsideband, porém visitem nosso site oficial em www.shadowside.ws que lá tem todos os links para todas as redes onde estamos presentes, além de todas as novidades.

GOM: Deixo esse espaço para a banda dar algum recado para os que já são fãs e para os que ainda não conhecem o som.

Dani Nolden: Primeiramente muito obrigado pelo espaço e espero que todos curtam bastante o "Inner Monster Out" e venham bater cabeça conosco em algum show! A galera de Belo Horizonte conseguiu nos levar para lá apenas fazendo barulho na internet e nos locais de heavy metal da cidade, portanto façam o mesmo e talvez vocês consigam levar Shadowside para a sua região também. Espero ver vocês em breve!

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